Matéria Especial (GP. São Paulo 2005)
"Uma
Mega Sena no GP São Paulo"
Por
Clackson
Com a
aproximação da data magna do turfe paulista, os turfistas em geral começam a
fazer suas previsões do vencedor do páreo, já se baseando nos resultados das
provas preparatórias e as devidas campanhas, e como que uma regra fundamental
do turfe, cada um tem a absoluta certeza de que sua previsão seja a correta.
No
passado, para aumentar a carga emotiva do páreo, a extração da Loteria
Federal era, nessa época do Grande Prêmio São Paulo, feita com o Swepstake,
ou seja, os bilhetes eram sorteados e associados a cada cavalo do Grande Prêmio,
de forma que os cinco primeiros cavalos colocados, naturalmente seriam os cinco
bilhetes vencedores do prêmio da Loteria.
Já deu
para imaginar o estado de espírito do turfista com um bilhete sorteado e
associado ao favorito do páreo. Aos que possuíam o bilhete do azarão, restava
a esperança de que as peripécias da prova fizessem o milagre da vitória do
inesperado.
Hoje os
tempos são outros, o turfe de modo geral cedeu seu espaço às diversas
modalidades de loterias e e não há mais a extração da Loteria Federal com o
Swepstake.
Como a
Mega Sena é hoje em dia a loteria de maior projeção nacional, devido aos
altos valores pagos aos ganhadores, vamos lançar mão desta, para fazermos um
sorteio diferente.
Como
o objetivo fundamental do site Turfebrasil é
valorizar o criador/ proprietário, o cavalo e os abnegados profissionais do
turfe, o sorteio que faremos será uma Mega Sena de homenageados, ou seja, seis
profissionais cuja participação no Grande Prêmio São Paulo tenham feito história
nessa prova.
Antes de
revelar o resultado da “Mega Sena”, algumas
considerações devem ser feitas quanto ao “sorteio”. Os nomes aqui
mencionados são uma parte de uma lista muito mais abrangente de profissionais
igualmente dignos de todas as reverências, e que em outros “sorteios” serão
merecidamente homenageados.
A ordem
apresentada dos nomes não caracteriza de forma alguma uma escala de referência
ou preferência. Aqui vale a máxima: Todos são iguais perante o “sorteio”.
Feitas
essas considerações, vamos ao sorteio:
Primeira
Dezena Sorteada: Eduardo Gosik.
Chamado
carinhosamente de “Mestre”, o veterano treinador de Cidade Jardim, vencedor
de oito estatísticas dentre os treinadores, deve ser venerado como uma das mais ilibadas reputações do
turfe brasileiro, além de possuir, como poucos, os conhecimentos do complexo
mundo do treinamento de um PSI. A competência é tanta, que a transmitiu a seu
filho, Mário Gosik, treinador com uma longa lista de vitórias em provas de
grupo.
Dentro da
história do GP São Paulo, o “Mestre” têm participação vitoriosa em duas
ocasiões: Com Às de Pique em 1984 e Jex em 1990, ambos montados por outro
mestre, Gabriel Menezes. Esses dois cavalos venceram o GP com treinamento de seu
filho Mário Gosik, mas a mão invisível do “Mestre” sempre ali esteve.
Mestre E.Gosik, com os queridos netos e seu filho M.Gosik
Em outras
duas oportunidades o “Mestre” poderia ter vencido o São Paulo se as peripécias
de corrida não houvessem atrapalhado. Uma em 1969 com El Trovador, onde o
jockey Albenzio Barroso não se apercebendo das intenções dolosas de um jockey
argentino, teve suas rédeas seguras pelo desonesto jockey e El Trovador
teve
sua ação prejudicada perdendo assim o Grande Prêmio São Paulo daquele ano.
Uma outra,
em 1979, o cavalo Garve pilotado pelo freio José Fagundes, atropelando pela
baliza dois, cuidou demais para que Big Lark, do Haras Rosa do Sul, que
atropelava pela baliza um, não ficasse sem passagem, e dessa forma o jockey
acabou perdendo o contato com a embocadura e conseqüentemente sobre a ação do
animal. O resultado foi que Tibetano montado por Gabriel Menezes, atropelando
por fora levou o São Paulo daquele ano.
Por obra do destino, coube ao mesmo Gabriel dar as duas vitórias no Grande Prêmio ao “Mestre”.
Às
de Pique batendo Full Love – 1ª. Vitória do Mestre Eduardo Gosik
Seguramente
um dos mais importantes jockeys da história do turfe brasileiro, o mítico
freio Antonio Bolino conseguiu dentro de sua carreira vencer todas as provas
mais importantes do calendário sul americano.
Dono de
uma técnica refinada e um percurso magistralmente calculado, suas vitórias era
verdadeiras aulas aos jockeys mais novos, e o mais importante, sua classe em
conduzir um cavalo permanece até hoje na memória dos turfistas.
A.Bolino
No Grande
Prêmio São Paulo, obviamente o nome de Antonio Bolino não poderia faltar, e
de fato, por duas vezes o freio paranaense venceu a prova. Em 1968, montando Moustache, do Haras Ipiranga, e enfrentando grandes nomes do turfe sul
americano, o grande jockey logrou sua primeira vitória.
Em 1978
ele voltaria a vencer, desta vez montando a grande égua Donética, do Haras
Malurica, e inscrevendo de vez seu nome no hall da fama desse Grande Prêmio.
Terceira
Dezena Sorteada: Gabriel Menezes
Escrever
sobre Gabriel Menezes é como escrever sobre um mito: Muitas vezes as palavras não
conseguem expressar a grandiosidade do personagem.
Tri campeão
do GP São Paulo, com Tibetano, do Haras São José e Expedictus, com os já
mencionados Às de Pique de criação do Haras Vila Real, e
Jex de criação do
Haras 2001, em todas essas conquistas o bridão chileno mostrou uma qualidade técnica
em que é possível afirmar em se tratar de um dos maiores jockeys da história
do turfe sul americano.
G.Menezes
Com
Tibetano, dando uma partida no cavalo nos 200 metros finais, ele venceu de forma
assombrosa. Com Às de Pique, galopou sempre a frente de seu maior adversário, Full Love, e
aparando a atropelada deste, vence o GP e em uma cena incomum, levantou-se do
selim quando da passagem no disco final.
Com
Jex,
uma aula de percurso fez com que liquidasse o páreo na altura dos 200 metros,
rumando firme para o disco.
Se
fizermos uma regra de três, pode-se afirmar que Eduardo Gosik está para os
treinadores, assim como Gabriel Menezes está para os jockeys. Dois Mestres !!!
Quarta
Dezena Sorteada: Juvenal Machado da Silva
O famoso
bridão alagoano que por muitos e muitos anos brilhou na Gávea e em Cidade
Jardim têm sua participação na história do Grande Prêmio São Paulo, de
forma fantástica, dada sua vitória com o cavalo Grimaldi.
Em uma
reta final carregada de emoção, onde Corto Maltese, dirigido por Nelson Souza,
e Brown Tiger, montado por Luis Correa da Silva, disputavam em um cabeça à
cabeça a vitória no GP, quando surgiu, no meio deles, em ação fulminante, o
cavalo Grimaldi e em cima do disco, avança cabeça à frente dos dois adversários
levantando o São Paulo de 86.
J.M.Silva
com Grimaldi (1): Uma grande
vitória de um grande jockey.
O Juvenal
em sua carreira veio a ser o único jockey a sagrar-se penta campeão do Grande
Premio Brasil, êxito esse que dificilmente será superado.
Quinta
Dezena Sorteada: Albenzio Barroso
O mais
famoso jockey do turfe paulista teve uma relação atribulada com o Grande Prêmio
São Paulo, pois por muitas vezes esteve muito próximo da vitória, mas sempre
surgia um outro cavalo para tirar-lhe a láurea.
Campeão
absoluto das Estatísticas de vitórias, por anos a fio, o bridão mineiro era
do tipo de jockey que ou se idolatrava, ou se renegava. Não havia meio termo.
Os seus
defensores, que não são poucos, admiravam a forma com que tomava a ponta e
nela permanecia até a transposição do disco, conseguindo sempre aparar o avanço
dos demais, graças a sua técnica de guardar o animal para o sprint final.
Já seus
adversários criticavam-no devido a essa mesma ação de tomar a ponta em todas
as provas, independente da característica do cavalo.
Já deu para perceber que o assunto Barroso merecerá um artigo específico.
Em
1983 o famoso bridão, montando Kenético do Haras Malurica, vence de forma
inconteste o Grande Prêmio e coloca seu nome, com muita justiça por sinal, na
galeria dos vencedores da prova.
Albenzio
Barroso na raia com Kenético após a vitória no GP São Paulo
Sexta
Dezena Sorteada: João Manoel Amorim
Um gigante
das rédeas, o freio João Manoel Amorim com muita justiça entrou para a
galeria de jockeys vitoriosos do GP São Paulo dada sua incomparável técnica,
sempre com um percurso extremamente calculado e uma tocada enérgica.
Raros
foram os jockeys que conseguiram, ultrapassá-lo quando esse grande freio tomava
a ponta, sendo o inverso também verdadeiro, ou seja, quando avançava,
fatalmente vencia.
J.M.Amorim
Relembrando
alguns dos grandes animais que montou, foi o jockey da tríplice coroada Jembélia,
Dilema, Lunard, Quartier
Latin, Zémario, Henry
Junior e tantos outros.
O nome de
Big Poker não foi citado acima, pois foi com este cavalo que J.M. Amorim venceu
o Grande Prêmio São Paulo de 1976 de uma forma antológica.
Fitz
Emilius, montado por Albenzio Barroso e grande
candidato à vitória já havia tomado a ponta e rumava para o disco, levando
consigo a ansiedade do Barroso em sagrar-se campeão do GP pela primeira vez,
mas atropelando de forma vigorosa, Big Poker vai encurtando a distância para
Fitz Emilius, e como fora dito no início, o gigante das rédeas, J.M.Amorim,
quando atropelava fazia com seu dirigido rendesse até o que não sabia.
Em uma
reta digna de manchete de jornal, os dois grandes jockeys tiraram tudo que seus
pilotados poderiam a oferecer, mas ao final a classe e energia o freio paulista
falou mais alto, e adiou o sonho do Barroso em vencer a prova.
Dois
grandes jockeys protagonizando um grande momento na história do Grande Prêmio
São Paulo.
Bem,
leitor, as dezenas foram anunciadas, e creio que todos turfistas ganharam com
este sorteio. Este não irá parar por aqui, pois neste espaço, como foi dito
no início, a tarefa principal é destacar e homenagear àqueles que dedicam
suas vidas profissionais ao Turfe.
A todos os
jockeys e treinadores a nossa mais singela homenagem nesta semana de GP São
Paulo.
Aos criadores e proprietários o desejo de sucesso na prova.
Aos
turfistas em geral, que tenham um excelente Grande Prêmio e até o próximo
“sorteio”.